terça-feira, 24 de abril de 2012

Memorial do Menestrel

Teotônio Vilela, nasceu agropecuarista e usineiro, em Viçosa, nas Alagoas. Já chegou como figura pública e notória. Depois de andar pelos bancos acadêmicos de Direito e Engenharia, no Rio de Janeiro, saiu mais cedo porque tinha pressa de ser autodidata na política. E na política entrou pela UDN. Com a Redentora de 64, ingressou na Arena.

Em 1979, então senador da República, Teotônio descobriu-se com câncer. Sua luta pela liberdade e redemocratização evoluiu muito mais do que o mal que o acometia. Nesse mesmo glorioso 1979, Teotônio trocou a Arena pelo Movimento Democrático Brasileiro que um ano depois virou PMDB. Tornou-se, então, o Menestrel das Alagoas.

Lutou brava e concomitantemente pela liberdade e contra o câncer. Morreu quatro anos depois. Em 2005 foi construído em Maceió, como merecida homenagem póstuma o Memorial Teotônio Vilela, um monumento à liberdade e à democracia.

Um Memorial à Democracia não tem lugar para ser erguido. Ele precisa, no entanto, ter razões para ser construído, para ser dedicado a alguém que teve a coragem e dignidade de não se afastar da sua ideologia, dos seus princípios, dos seus sonhos de liberdade, de justiça e de igualdade social.

Um Memorial à Democracia pode surgir nas Alagoas, em São Paulo, nos Cafundós do Judas, em qualquer lugar como homenagem e reconhecimento à luta pela liberdade, jamais para cultuar individualidades.

Não basta descobrir que o câncer evolui; é preciso saber que a evolução dos ideais de um homem não morre jamais.

Para se ter um memorial é preciso que se tenha antes espalhado esperança e, como um menestrel, transformado o sal em mel; é preciso que se tenha combatido o mal com saúde civil.

No Brasil de hoje, não é raro ver-se que um memorial pode estar tão próximo de um museu de vaidades, quanto um político pode estar longe de ser um menestrel.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Pena justa para a trinca macabra

A Seita de canibais de Garanhuns, terra de gente boa que dá certo na vida dos outros, queria "conter o aumento da população". E, apenas por isso, faziam picadinho de suas vítimas - só mulheres, para rarear a prociração - e sobreviviam vendendo empadinhas de recheio humano para a vizinhança. Não adianta prisão perpétua para essa gente. A pena mais justa e eficaz é trancafiar a trinca macabra numa mesma cela, sem pão, sem comida, recebendo como ração diária apenas um copo d'água. Dia há de chegar que lhes baterá uma fome incontrolável...

EASY RIDER
As eleições vêm aí. E com elas o provável fim do Democratas (DEM). Desde já, sem destino, os demoníacos do partido elucubram coligação com siglas mais fortes. Depois de outubro, conforme o tamanho do fracasso nas urnas, o DEM pode incorporar-se ao PMDB ou ao PSDB. Pela ordem de preferência. Vai ser engraçado, ou pelo menos ridículo, votar em alguém do PMDEM, ou do PSDEMBEM.

NO PT, NÃO
Tudo bem que o DEM se dê chá de sumiço, mas o que ninguém fala é que isso pode estar acontecendo porque o partido não pode viver sem Demóstenes. E eis a questão: Demóstenes vai para o PMDB ou para o PSDB? Para o PT já se sabe que ele não vai nem a pau. Não é a sua turma, nem o seu "jeito de fazer política".

SEM RASTILHO
Já era de se esperar. Carlinhos Cachoeira não tem a menor vocação para homem-bomba. Não vai detonar ninguém. Seria o jeito mais rápido e retumbante de acabar com ele mesmo.

CAÇADOR DA MÍDIA
Nesta terça-feira deve ser consagrado o nome do deputado Paulo Teixeira do PT paulista. Aí vem malho para cima da imprensa. Ele é um dos que fazem parte da tropa de choque petista que quer implantar a todo custo o tal de Marco Regulatório das Comunicações. Nome de pompa e circunstância dado por Lula, Zé Dirceu, Franklin Martins para a mordaça e a caça sem quartel à liberdade de expressão.

77% de popularidade de Dilma derrubados pelo desaforo de 57% para Lula

Nada é mais história, nem mais oficial que uma pesquisa de opinião eleitoral feita sob encomenda. Já que se admite qualquer história oficial no Brasil, não há do que reclamar se o instituto Datafolha colocou, no meio de uma simples e prematura avaliação de desempenho do governo Dilma, uma pergunta que, além de não ter nada a ver com as calças, ainda deixa tudo de fora:

- Quem deve ser o candidato do PT à presidência em 2014?

Isso nem é uma pergunta; é um desaforo, uma falta de respeito pela primeira-mulher-presidenta em exercício do cargo que, pelo visto, vem agradando de tal maneira à plebe ignara que desagrada as elites do seu próprio partido.
Daí para pular de um mero levantamento sobre a atuação da governanta neste primeiro ano e um trimestre de governo e cair nas graças de quem fica doente quando não está no poder, foi só uma questão de saltar em distância com a dignidade olímpica de uma Maurren Maggi que entra nesta versão como Poncio Pilatos entrou no Credo.

Pois a pesquisa do Datafolha que deu 77% de popularidade para Dilma, é a campeã nacional do pulo do gato. Conta a história oficial e diz:

Foram realizadas 2.588 entrevistas nesse país com mais de 195 milhões de habitantes. O levantamento revela que 57% dos entrevistados preferem Lula como candidato a presidente da República, em 2014; já 32% ficariam com Dilma; 6% não querem nada com a coisa; 5% não sabem nada da coisa e... 2% apenas têm uma boa ideia e não são petistas.

Claro que esses últimos não foram assim classificados pelos contadores da história oficial. São, apenas fruto da conclusão dos homens de má vontade contra o status quo que emplasta o Brasil da Silva. De qualquer maneira, deu para matar a pau e mostrar a cobra: do lado de cá da história conclui-se facilmente que dos 2.588 entrevistados, só 51 não eram petistas.

Recomenda-se que a próxima pesquisa seja feita com os militantes do Movimento Anticorrupção que estavam na Esplanada dos Ministérios nesse 21 de abril, data de aniversário de Brasília, Dia de Tiradentes e do anúncio da morte de Tancredo Neves, o melhor presidente que o Brasil nunca teve.

sábado, 21 de abril de 2012

Ele deveria ter cruzado os braços...

Há 2 mil anos exatos, Jesus Cristo completavava a maioridade. No auge dos seus 21 anos, montou aquela que seria a primeira coordenadoria de comunicação social da história da Humanidade.

Aglutinou 12 marqueteiros, escolhidos a dedo, e partiu com seus propagandistas para a maior campanha de publicidade da face da Terra. Maior, só até o surgimento de um metalúrgico que ainda hoje compete em imagem e verossimilhança com um filho de carpinteiro. De lá pra cá deu nó na madeira. Ou comercial da Petrobrás na TV ou na camisa do time de futebol do E. C. Arrancatoco.

Naqueles velhos e bons tempos, logo o departamento de jornalismo começou a editar panfletos e santinhos; não demorou nada e o setor de arte criou o crucifixo, o mais célebre e indelével logotipo do universo e, para completar, com base em duas grandes tábuas de regimentos gerais, a agência central do cristianismo escreveu página por página, o livro mais lido de todos os tempos, a Sagrada Bíblia.

Daí pra frente, foi fácil. Em cada cidade que visitavam, Jesus e seus assessores erguiam, entre a praça e a prefeitura, uma igreja. E, então, pronto! De lá pra cá, onde se vê uma capela com uma cruz no topo, há cristão por perto. Não precisa nem badalar que a gente sabe por quem os sinos dobram.

O Filho do Homem levou pouco menos de 12 anos até fracassar redondamente na consecução de sua principal missão cá entre nós: morrer na cruz para nos salvar.

Quer dizer, crucificado ele foi. Morrer, morreu; até subiu aos céus, onde está sentado à mão direita do Pai todo poderoso. Mas nos salvar, não mesmo. Nós não temos salvação.
No fundo, no fundo, na hora H, ao invés de dar colher de chá para o bom ladrão, Jesus deveria ter cruzado os braços. Preferiu provar o fel da maldade humana e, por isso, Ele morreu na cruz e Judas se safou.

Basta olhar em volta por aqui mesmo que a gente vê onde foi que Ele amarrou seu burrico. Só aqui do lado debaixo da linha do Equador, veja só no que foi que deu esse Brasil bonito por natureza e abençoado por Deus...
É uma nação povoada por duas espécies melífluas e vivas de seres bípedes: os homens e os políticos. E vice-versa. E mais não é preciso que se diga. E nem é bom falar. Eis que surgiram e proliferaram apóstolos mundiais, bispos universais, pastores televisivos, lobistas, cantores Gospel e consultores alquimistas

Ai, meu Jesus! Agora lá em cima o Senhor já sabe: é preciso muito mais que uma grande estratégia de comunicação e marketing para fazer um povo feliz; é preciso ter um programa infalível e vitalício que nem o papa, para governar e conduzir com fé e orgulho as coisas desse mundo; para consertar as pessoas, o corpo e a alma dos homens de boa vontade e mandar para os quintos do inferno o espírito de porco dos políticos fariseus e malfeitores de malfeitos.

Troca-Troca constitucional

Nunca antes na História Oficial desse país machista e de temperamento latin lover por natureza, teve-se uma mulher-presidenta da República.

Ora, o último presidento preferiu sempre deixar o cargo de lado para exercer, com notável denodo e alegria, a função de cabo-eleitoral.
Nada demais, portanto, que por pública e notória tendência vocacional a primeira-mulher abandonasse os afazeres de presidenta pelas lidas de uma faxineira.

Pelas fidedignas fontes oficiais, não há nenhum impedimento constitucional para a realização dessas trocas. E, como o reles contribuinte, mesmo sem os efeitos colaterais de temporadas hospitalares está careca de saber, tudo que não proibido é permitido.

EM OFF - Pelo "jeito PT de governar", a versão sem contestação da História Oficial é que o Brasil saiu lucrando nos dois casos: Lula foi muito melhor cabo-eleitoral do que presidento da República; Dilma é muito mais fotogênica com uma vassoura na mão do que com o diploma presidencial.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Caim, o primeiro Robin da Terra

Naquele entardecer divino, ao Leste do Éden, sem mais o que fazer, estava Adão a cofiar placidamente seus pelos pubianos, mirolhando Eva trocar pela terceira vez naquele dia a mesma folha de parreira, quando Caim chegou aos prantos e aos gritos de uma dor que parecia lancinante:

- Matei Abel! Matei Abel!...
- Bandido, mataste teu irmão?! - bradou furioso o pai.
- Ó malfeitor, mataste teu único irmão! - choramingou Eva.

E, para que a história oficial da vinda da primeira grande família para a Terra não sofresse solução de continuidade, Caim se explicou, antes de dar no pé e ninguém, nunca mais ter notícias dele:

- Mãe, mãezinha; pai, paizinho... Olhaqui, a gente tava brincando de luta. De Batman e Robin. Eu cai por baixo de Abel. Tentei me livrar, mas ele... Ele... Ele me comeu, pô!
Adão olhou patético para Eva, com cara de quem já tinha avisado que aquele tipo de brincadeira não dava certo, acabava sempre em rompimento de, de... Bolas, a vida é um buraco!  Desligou-se da mulher mais mazanza daquelas paragens e excomungou o filho que sobrou:

- Viado! Robin!
- Viado, um cacete, meu pai. Peguei uma pedra e esborrachei a cabeça dele!

E mais não disse. Com uma lágrima de dor e outra de saudade, saiu em desabalada carreira rumo a lugar nenhum. Nunca mais viu os pais. E nem sequer viu o sorriso luxurioso, cheio de raiva e de orgulho que se abria na cara de Adão.

EM OFF - Caim pode ter sido o primeiro viado, mas não o primeiro malfeitor. Adão já era bem pior que ele. Começou traçando a própria irmã. Foi o primeiro Serial-Malefactor da História Oficial da Humanidade: passava o dia fazendo malfeito com a incansável e dadivosa Eva.

Saudade

O futuro é daqui a um átimo de segundo e dura apenas isso para ser o presente que já virou passado...
(Sérgio Siqueira, com saudade do futuro)

Versão sem contestação

Foto: Flickr Vilmar Tavares
Toda verdade emana de quem faz a História Oficial. Ou não.

História Oficial

Cada notícia é a versão oficial. Fonte fidedigna é aquele que manda. O resto é o resto. Mera fonte que secou.